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Ansiedade: entre anseios & inseguranças

*Por Lucrécia Aída de Carvalho


No país da maior taxa de transtornos de ansiedade do mundo, a queixa que mais ouço em consultório - campeã disparada – não poderia deixar de ser a ansiedade. Sintomas físicos de falta de ar, aperto no peito, dor de estômago, insônia, tensão muscular, alimentação em excesso, perda de apetite, cansaço somados a sintomas emocionais como nervosismo, irritabilidade, inquietude, falta de concentração, obsessões, raiva, aparecem para abalar as estruturas que até então sustentavam a pessoa.


No trabalho psicoterapêutico com pacientes ansiosos, costumo propor que seja feita uma reflexão no sentido de entender a ansiedade como algo que se está desejando (ansiando), e que precisa ser descoberto, encarado, olhado de frente e integrado. É preciso que a pessoa esteja disposta a fazer esse exercício de olhar de frente para o que se está desejando. Nem sempre esse desejo é bonito, é correto ou confortável. Muitas vezes para dar asas aos anseios é preciso antes se libertar de amarras da autoimagem, das construções familiares e das imposições sociais. Por isso pode ser um processo longo, já que vai mexer nas estruturas que embasam a vida da pessoa. Mas quando nos dispomos a encarar essa tarefa com coragem, abre-se o campo para a transformação e isso é libertador.


Ao tentar entender com quais sensações a ansiedade se relaciona, é comum que os pacientes tragam a insegurança e o medo como principais panos de fundo da ansiedade. Assim, a ansiedade funcionaria como um alerta de uma situação de perigo que está por vir. Outros sentimentos comumente associados são raiva e culpa.

Uma das características da ansiedade é viver no futuro, com preocupação excessiva. É comum que o ansioso tente prever diversos cenários e viva situações hipotéticas em sua mente. Trata-se de um mecanismo de defesa para tentar lidar com o medo e a insegurança de que algo ruim pode acontecer. No entanto, essa defesa muitas vezes gera uma exaustão mental que pode resultar em raiva e autojulgamento (culpa) justamente por ter esses pensamentos. A culpa retroalimenta a ansiedade, num ciclo contínuo.


A ansiedade se relaciona ainda com uma busca constante de algo que não se sabe o que é enquanto não for feita uma análise profunda. Essa busca incessante muitas vezes culmina em exaustão extrema que, por sua vez, pode desembocar em apatia (e até depressão) como mecanismo de proteção.


No processo psicoterapêutico com meus pacientes, gosto de usar ferramentas de expressão artística. Cabeças em meio a nuvens escuras, cabeças escondidas dentro de algo, pessoas sendo engolidas, redemoinhos, cabeças cheias são as imagens mais comumente produzidas pelos pacientes que expressam, por meio desses desenhos, muita angústia e sensação de aprisionamento.


O curta de animação sobre o combate à ansiedade, da rede BBC, traz um pouco mais sobre como são as sensações da ansiedade. (O curta está em inglês. Se desejar ver com legenda em português, será preciso usar a legenda automática do Youtube. Para isso basta clicar no ícone de configurações abaixo da tela do vídeo no youtube, em seguida selecione Legendas/CC, clique em traduzir automaticamente e selecione o idioma - é simples e vale a pena esse esforcinho!)

Se você se sente ansioso, é importante encarar de frente e não ter receio de buscar atendimento psicológico. Todas as abordagens da psicologia são adequadas para tratar transtornos de ansiedade. No entanto, se você é uma pessoa que se identifica com o uso de ferramentas criativas e com o universo da arte, música, contos, filmes entre outros, a psicoterapia de base analítica (junguiana) pode ser ideal para você. Despertar a criatividade é um caminho que leva a compreensão de propósitos de vida.


*Lucrécia Aída de Carvalho é psicóloga clínica (CRP 08/32077) de orientação junguiana, especialista em Antropologia Cultural e mestranda em Psicologia na linha de pesquisa violência & sociedade. Oferece psicoterapia (individual e grupal) para adolescentes e adultos. Trata de questões como ansiedade, depressão, autoestima, traumas, criatividade e transtornos (TOC, misofonia e acumulação), propiciando insights profundos e libertadores.


A Psique & Descobertas oferece cursos, palestras e workshops sobre psicologia, saúde mental e sua relação com arte, cultura e sociedade. Para mais informações à respeito de valores e agendamentos, entre em contato pelo e-mail psiqueedescobertas@gmail.com ou pelo WhatsApp: 41 999967560.

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